Eu me lembro que quando era um novo motorista e minha mãe me emprestava o carro dela, eu tinha uma sensação de liberdade e um desejo louco de ver o quão rápido eu poderia fazer o Chevette dela andar descendo um morro. Para aqueles de vocês que já andaram em um Chevette, vocês sabem o que eu estou falando. Eles só andam rápido descendo morros. Mas isso não importa. Eu estava livre para fazer o que eu queria. Eu liguei o rádio e abaixei as vidros do carro para que todos pudessem ouvir e me ver livre. E a cada semáforo fechado, eu fazia o meu melhor para cantar os pneus. Por que não? O carro não era meu, mas era a minha liberdade.
É engraçado como depois de algum tempo os pneus que a minha mãe tinha conseguido manter com aparência de novos por muitos anos agora estavam começando a mostrar alguns desgastes ficando carecas e os alto-falantes do rádio estavam agora fazendo estalos e sons estranhos. Mas, isso não era problema, porque o carro não era meu. Eu não tinha que pagar pelo conserto dele. Eu só tinha os benefícios de usar para o meu próprio prazer. Foi assim, até que eu acabei com ele de uma vez por todas em um acidente; foi perda total. Mas mais uma vez, não era meu o problema, porque o carro não era meu. Felizmente a minha mãe tinha seguro.
Com o passar do tempo, eu tive o meu próprio carro, pelo qual trabalhei e comprei, e o engraçado é que meu carro era bem mais velho e bem pior do que aquele da minha mãe. Mas era MEU carro e eu mimava ele. Eu não cantava pneus, embora eu aumentava o rádio e abaixava os vidros, mesmo quando estava nevando lá fora. E eu nunca lavei o carro da minha mãe, mas o meu, eu polia cada parte enferrujada.
É interessante como nós tratamos as coisas de forma diferente quando elas realmente nos pertence. E tudo isso me fez pensar sobre namoro e como ele é semelhante a pegar um carro emprestado. Imagine você ter colocado seus olhos sobre algum carro bonito e depois de anos de trabalho árduo, finalmente realizar seu sonho (superficial que seja) e compra aquele carro e, em seguida, um jovem, depois de ver o seu carro na garagem e admirando-o por algum tempo chegue à sua porta e bate nele.
"Oi. Meu nome é João e eu estava admirando seu carro. Na verdade faz um tempo que estou o admirando e eu queria saber se você me emprestar ele? "